terça-feira, 4 de novembro de 2008

Aos Teus pés, Senhor meu Dono




















Lembra de quando deixei essa poesia na Sua carteira?


Uma mulher espera por mim
(Whitman)

Uma mulher espera por mim, nela tudo se contém, não falta nada,
No entanto faltaria tudo se lhe faltasse o sexo ou a umidade do homem certo.

Tudo se contém no sexo, corpos, almas,

Significados, provas, purezas, delicadezas, proclamações, efeitos,

Ordens, canções, higidez, orgulho, o mistério materno, o leite seminal,

As esperanças todas, bens, outorgas, todas as paixões, belezas, amores, os deleites da terra,

Todos os governos, juízes, deuses, o cortejo de pessoas da terra,
Tudo se contém no sexo como partes de si e justificações de si.


Sem pejo o homem de quem gosto sabe e confessa as delícias do sexo,

Sem pejo a mulher de quem eu gosto sabe e confessa as do sexo dela.


Pois eu me afasto das mulheres insensíveis,

Para ficar com a que espera por mim, e com as mulheres de sangue quente que me satisfazem,

Eu vejo que elas me compreendem e não me repudiam,

Vejo que são dignas de mim e eu serei delas o marido vigoroso.


Essas mulheres não são em nada inferiores a mim,

Têm o rosto tisnado pelo brilho dos sóis e pelo sopro dos ventos,

Há na carne delas, antigas e divinas, agilidade, força,

Elas sabem nadar, remar, montar, lutar, atirar, correr, bater, recuar, avançar, resistir, defender-se sozinhas,

São supremas por direito próprio- são calmas, límpidas, donas de si mesmas.

Puxo vocês para junto de mim, mulheres,

Não as posso deixar ir, vou lhes fazer bem

Existo para vocês e vocês para mim, não apenas para o nosso bem, mas para o bem dos outros,
Envoltos em você dormem grandes heróis e bardos,
Eles se recusam a acordar pelo toque de outro homem que não eu.


Sou eu, mulheres, abro o meu caminho,

Sou severo, cáustico, indissuadível, mas amo vocês,

Não as machuco mais que o necessário a vocês mesmas,

Derramo a substância geradora de filhos e filhas dignos destes Estados, assedio com músculo pausado e rude,

Me firmo eficazmente, não dou ouvido a rogos,

Não ouso retirar-me sem depositar o que há de muito acumulei dentro de mim.


Através de vocês eu dreno os rios enclausurados de mim mesmo

Em vocês concentro mil anos de futuro,

Em vocês faço enxerto dos tão amados por mim e pela América,

As gotas que em vocês destilo farão medrar moças atléticas e ardentes, novos artistas, músicos, cantores,

As crianças que em vocês procrio vão procriar, por sua vez, outras crianças,

Exigirei, dos meus dispêndios amorosos, homens e mulheres perfeitos,

Eles irão se interpenetrar, espero, como eu e você agora nos interpenetramos,

Contarei com os frutos dos generosos aguaceiros deles como conto com os frutos dos aguaceiros que ora entorno.

Vou ficar à espera das ternas colheitas do nascimento, vida, morte, imortalidade
Que tão amorosamente planto agora.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu amei ler isso, você mal sabe.

Não esqueceria.